Dica prática para desenvolver a autonomia da criança na hora de se vestir
15 de agosto de 2024
Eu escrevi aqui um texto sobre autonomia no banho, mas a gente explorou juntos algumas bases interessantes sobre o desenvolvimento de filhos independentes. Vale a pena dar uma olhadinha caso você não tenha lido ainda. Digamos que esse aqui seria mais um passinho naquela linha de pensamento.
Uma coisa que gostaria de retomar é que sempre possível desenvolver habilidades em qualquer momento da rotina. Criar um filho funcional, para que ele se torne um adulto independente e saudável não acontece de uma hora para outra, ou como num passe de mágica. É no dia a dia, no passo a passo, no trabalho rotineiro. Apesar de bem simples (em teoria né? Porque na prática pode ser desafiador), essas atitudes fazem uma grande diferença a longo prazo.
Certo, então vamos lá. Qualquer um que tem filhos maiores de 2-3 anos com certeza já passou pela dificuldade de vestir essa criança. Por vezes, uma situação pedia certo código de vestimenta (formal, por exemplo) mas a criança queria ir com uma fantasia de carnaval, com a camiseta do homem aranha ou mesmo de pijama. Outras vezes, ela precisava vestir o uniforme da escola, mas queria muito colocar a roupa de piscina. Nessa hora você respira fundo, olha incrédulo, se pergunta de onde vem a motivação para isso e que você, por ser uma boa pessoa e estar com dor nas costas, não merecia isso.
O que fazer nessa situação? Como não pegar sua malinha e ir passar um tempo sozinha(o) em Búzios? Mas, ao invés disso, usar a oportunidade para desenvolver autonomia na criança.
Uma ferramenta indicada aqui é: ESCOLHAS LIMITADAS.
Mostre a ela 2 ou 3 opções possíveis de vestimenta para a ocasião, com adaptações quando possíveis, e deixe que ela escolha, dentro desse limite estabelecido pelo cuidador, o que vestir.
Você mostra para ela que a vontade dela está sendo considerada e, ao mesmo tempo, que seu poder de decisão como pai e mãe, também está. Ela, dentro de um espaço bem delimitado, poderá caminhar e se desenvolver, sem precisar que você imponha nada de forma autoritária. A autonomia de um adulto saudável passa por conseguir tomar decisões, ter sua individualidade respeitada, aprender a seguir regras. Essa ferramenta dá tudo isso.
Se por acaso ela não aceitar esses limites ou ficar muito triste por não poder ser exatamente como ela quis, acolha. Sempre acolha.
Acolher é ouvir, abraçar, dar carinho, conversar, entender. Isso é bem diferente de aceitar ou ceder, não é? Depois disso, volte a oferecer as opções possíveis.
As chances de tudo se resolver seguindo esses passos são bem grandes!
Henrique Costa Barros
Psicanalista e Educador Parental
@paz_e_filhos